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Autoestima infantil, redes sociais e o papel dos livros

Autoestima infantil, redes sociais e o papel dos livros

Quando eu era criança, eu não tinha uma boa autoestima. Foi uma época quando era normal rir dos corpos alheios, era comum ser ridicularizado se não tivesse um corpo dentro de um padrão. Eram diários pequenos bullyings na escola que não eram considerados crimes, mas que para sempre deixaram suas marcas.

Foram anos de construção e desconstrução de verdades que nem sei se foram quebradas totalmente. Anos buscando ser o que não era e tentando pertencer ao mundo das meninas femininas que são delicadas e ligadas à moda, beleza, unhas feitas e cabelos lisos. Preciso fazer uma pausa neste momento para dizer que sou mulher branca, de cabelos ondulados, e minha única questão física foi e é e será(?) um corpo gordo na infância. Fato que definiu meus desejos para vida, minhas escolhas pessoais e também profissionais, minhas relações.

Hoje, já muitos anos depois, acreditei que não teríamos mais esse problema. Entretanto me deparo com comentários, conversas, podcasts que ainda tratam de como nossos corpos são vistos e como nossa autoestima é afetada todo dia por padrões impostos sabe-se lá por quem e por qual motivo.

Mas o que a autoestima infantil tem a ver com um blog em um site de literatura onde geralmente falamos de livros?

Vimos por um tempo ( curto) a sociedade capitalista se preocupar um pouco com essas questões de padrões corporais femininos. Na gíria popular, foi uma brisa que passou. Voltamos aos padrões, nas passarelas e nas mídias já podemos reparar o retorno a antigos meios de apresentar as mulheres.

A saúde mental de nossas meninas e mulheres, já refletem isso, quando vemos pré adolescentes de 12/13 anos com rotinas enormes de produtos a serem aplicados em suas peles almofadadas. Os resultados mais profundos disso veremos daqui a alguns anos. Como parte da sociedade que ainda leva fé em mudanças e acredita que devemos pelo menos tentar preparar um mundo melhor, a editora Pé de Palavra tem sempre em mente que devemos fazer alguma coisa. Ficar parada é fortalecer esse sistema tão injusto.

Chovem, em qualquer lugar que olhamos, tutoriais para melhorar a pele, de modificar o cabelo, ou apenas vídeos de pessoas falando de bolo, mas com apresentadores completamente trabalhados em filtros e iluminações que os deixam ainda mais “especiais”, leia-se lindos de acordo com padrões. 

Segundo a Australian Childhood Foundation 50% das meninas ainda na pré -escola, por volta dos 5 anos de idade, já se dizem insatisfeitas com seus corpos. E 90% das meninas entre 12 e 17 anos estão em algum tipo de dieta. De onde vem toda essa “nóia” ? E o mais importante, o que podemos fazer para realmente mudar isso?

O impacto da era das redes sociais é um dos grandes fatores nesse jogo de aceitação e beleza fabricada. Ao mesmo tempo que abre a possibilidade de mais pessoas dos mais diferentes tipos físicos se exporem, o que é ótimo por permitir maior identificação com as meninas que assistem; nos coloca na frente de um espelho virtual que nos distorce e nos dá uma solução com filtros criados por ele mesmo.

É aquele que morde e assopra, e os sussurros que veem são os que nos dizem que precisamos mudar nossa aparência. Sussurros que jogam todos os dias nossa autoestima lá para baixo e muito lá para cima a valorização dos produtores de fórmulas e procedimentos. E vejam, nada contra ele, mas quando usados por quem realmente precisa.

Todos sabemos que os vídeos fazem isso, mas lutar contra a miragem que eles nos fornecem é difícil, e requer uma energia que nem sempre conseguimos desprender. Isso fala de nós mulheres maduras, imagina uma pré-adolescente que tudo que quer na vida é ser aceita pela sociedade e fazer parte de um grupo. Mexer com a autoestima delas é bagunçar com a saúde mental de boa parte da população.

O que podemos fazer para amenizar e conscientizar uma geração que já nasceu com as telas no comando de seus pensamentos? Conseguimos fugir do impacto das redes sociais?

Nada mais chato que uma mãe que só dá sermões enormes dizendo “na minha época”. Às vezes é preciso ser a chata do rolê mesmo, porém ter aliados nessas brigas inevitáveis de gerações é uma boa balsa salva vidas nos dias mais desgastantes. Assim, usar livros pode ser uma boa saída. Não aqueles obrigatórios da escola, cujas provas são sem sentido, mas aqueles que podem ser divertidos e ao mesmo tempo terem propósito. 

Aqui na editora nos preocupamos muito com essas questões e temos alguns títulos que trabalham temas importantíssimos desde as crianças mais novas, de forma amável e gentil. Veja alguns de nossos livros

Para  crianças de 4 a 7 anos temos Minha filha é uma vampira, nele uma menina decide assumir seus dentes caninos maiores que o tradicional e se diz uma vampira. Esta coragem é impulsionada quando os colegas de classe adoram a ideia e se agrupam ao seu redor para saber tudo de como é a vida de vampira. No meio disso ela descobre que há uma amigo na escola que tem sido tolhido de brincar e jogar bola, só porque ele tem uma perna diferente dos outros, com sua imaginação e delicadeza, nossa personagem principal decide conversar com ele e dizer que se ele desejar pode ser o homem de ferro, já que tem uma perna mecânica.

Com isso, todos na escola passam a utilizar suas características como uma vantagem, como uma força a ser explorada e não como um fardo a ser mudado. Entre fadinhas, piratas e vampiras, vemos que as vezes temos algo em nosso corpo que pode nos incomodar, mas se soubermos olhar de uma maneira diferente, pode ser muito mais divertido.

Para crianças de 6 a 10 anos temos Meu Querido diário, deu a louca em minha casa é um livro interativo, o diário de uma personagem que lida com sua vida infantil sem entender muitas coisas ao seu redor. A necessidade de ir a um nutricionista a assusta, a popularidade de outras meninas e sua  impopularidade a fazem pensar no que elas se diferem, além de ter que conviver com uma família em duas casas, a do pai e a da mãe.

Aulas de matemática, de educação física, festas de aniversário, trabalhos escolares, jantares em família, encontros com amigos, tudo isso povoa as páginas do diário de Micaela, ao mesmo tempo que a personagem convida às crianças a escreverem seus próprios diários nas páginas ao lado das suas.

As crianças podem se identificar em alguns sentimentos de Micaela ou reconhecer um amigo nessas páginas. E ao pararem para escrever seus próprios sentimentos e acontecimentos diários, têm a chance de refletir sobre seus próprios questionamentos. Como Micaela é uma personagem com autoestima baixa, a cima do peso considerado bonito pela sociedade, precisa lidar com muitas situações onde se vê impactada por isso. Precisa aprender a lidar consigo mesma, e ainda se fazer aceita do jeito que é pelos amigos e familiares. 

No texto https://editorapedepalavra.com.br/blog-7-beneficios-da-literatura-infantil/ falamos um pouco mais dos benefícios dos livros na vida das crianças, além de melhorar a autoestima, os livros ajudam na imaginação, na comunicação e socialização . Dê uma passadinha por lá e confira.

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