Uma editora é feita de muitos profissionais. A Editora Pé de Palavra é uma micro editora, ainda, mas conta em seu quadro com profissionais que fazem seus livros chegarem até você. Veja nesta entrevista com a ilustradora Ray Mnaza como é um pouquinho da vida de uma profissional dessa área.
A Ray ilustrou nossos primeiros livros e de lá para cá fez outros trabalhos para a editora, ela é responsável pelas ilustrações de:
- O Mar de Lucy
- Minha filha é uma vampira
- A coleção João Sabichão
- Quando seus olhos me perdoarem
- Querido diário, deu a louca na minha casa
- Bicharada Rimada
- Super Dudududa
- Centro mágico






Encontre todos os títulos ilustrados pela ilustradora Ray Manza aqui no site, na aba loja
Nossa missão é incentivar novos leitores, e para isso sabemos o quanto as ilustrações e as capas dos livros são importantes, fazem parte da história, são a base onde tudo acontece. Uma boa ilustradora pode ajudar um livro a vender mais, e como uma editora também é uma empresa, vender mais significa tornar outros projetos possíveis e assim, atingir mais leitores e desta forma o ciclo se fecha.
Por isso, escolher bons profissionais, e mais que isso, o profissional certo para cada projeto é muito importante. Temos muito orgulho de ter a Ray em nosso quadro de ilustradores. Agora vamos conhecer um pouquinho mais dessa profissional tão importante para nossa equipe.
Falamos para todo mundo, com muito orgulho, que a ilustradora que fez a maioria de nossos títulos começou com a gente quando tinha 16 anos. Conta para a gente porque você começou a ilustrar. Quando surgiu essa vontade?
A verdade é que eu sempre gostei muito de desenhar. Desde criança. Tenho um monte de desenhos de quando eu era pequena. Eu queria ser designer de moda, mas mudei de ideia quando percebi que não tinha o menor senso de estilo (risos).
Troquei meu foco para quadrinhos quando comecei a ler mangá. É o que eu mais desenho até hoje, mangá. Nunca pensei que fosse ilustrar livros infantis, mas depois de “O Mar de Lucy”, que foi o primeiro, me apaixonei pelo estilo colorido. Eu percebi que o céu é o limite quando se trata de livros infantis. E adoro trazer as ideias dos autores para o papel. É sempre muito bom quando consigo desenhar exatamente o que eles imaginavam.
Algum livro da sua infância provocou em você o efeito Uau no quesito ilustração? Algum te deixou com vontade de fazer igual?
Eu li muitos livros quando pequena, mas os que mais me marcaram foram o “Isto ou aquilo”, da Cecília Meireles e o “Mamãe é demais”, da Mara Van Fleet. O “Isto ou aquilo” tinham pequenas ilustrações em um estilo bem único. Eu lembro de ficar olhando para as ilustrações porque elas eram bem diferentes do que eu estava acostumada. O “Mamãe é demais” tinha um estilo mais fofinho. Era um livro daqueles em 3d. A tromba dos elefantes era uma mola revestida em tecido. Eu achava aquilo incrível. Acredito que minha ideia de ilustração infantil seja uma mistura de todos os livros que li na vida.
Você tem alguma ilustradora que seja inspiradora para você?
Tenho. Gosto muito das ilustrações de Aida, que ilustra um dos meus mangás favoritos. As artes são cheias de cores e eu amo a maneira como os olhos são desenhados. As ilustrações são muito cheias de vida e os jogos de luz e sombra são incríveis.
Você tem um processo criativo que usa para todos os trabalhos?
Eu começo perguntando para o autor o máximo de detalhes possíveis. Alguns têm uma ideia muito clara do que querem e me dizem logo. Outros não têm uma ideia muito concreta, mas têm um conceito base. Aí, eu pergunto se existe algum estilo específico que ele queira. Como eu desenho muito mangá, a maioria das pessoas que me chama para ilustrações já chama quando quer olho um pouco maior, que eu desenhe estilo de mangá (risos). Depois de reunir essas informações, eu faço um esboço. Às vezes até mais de um, se a ideia for muito ampla. Normalmente já mando com cores, para melhor visualização.
Como saber quais as melhores cores e formas para uma ilustração?
Acho que depende muito do tom e estilo da história. Quando ilustrei “O Mar de Lucy”, usei diversos tons de azul, já que se passa no mar. As cores desse são bem vibrantes também, mesmo nas cenas à noite. Já no “Minha Filha é uma Vampira”, os tons são mais puxados para o roxo, porque combinam com o tom da história. Quanto à forma, vai mais do gosto do autor mesmo. Quando ilustrei “Querido Diário, Deu a Louca na Minha Casa”, o estilo foi parecer desenhos feitos por uma criança da idade da Micaela, a protagonista. No “Quando Seus Olhos Me Perdoarem”, pediram lineart.
Qual foi seu maior desafio com um livro?
Tiveram dois momentos marcantes. Foram fora da Pé de Palavra, não se preocupem. Teve um autor que não sabia o que queria e me dizia para fazer o que achava melhor. E quando eu mostrava, ele falava que não era isso que ele queria. E uma outra vez que eu não consegui desenhar o cabelo que a autora queria de jeito nenhum. Felizmente, ela não desistiu de mim e acabamos mudando o cabelo.
O que você mais gosta na ilustração?
As cores, definitivamente. Amo combinar cores e testar novos estilos de luz e sombra. Colocar uma textura nova, usar outro pincel…adoro experimentar com as cores. Os resultados normalmente são bem satisfatórios.
Qual o papel da tecnologia no seu trabalho como ilustradora? Como lida com a IA?
A tecnologia é crucial para o meu trabalho. Minhas ilustrações são feitas em uma mesa digital. Eu ainda tenho que desenhar tudo, claro. Mas é em uma tela ao invés do papel. Agora, sobre IA…Eu realmente acredito que a produção artística humana tem sentimentos que a IA não pode expressar. Não é só um trabalho que é requisitado e entregue. É sobre a paixão. Não só minha paixão pela arte, mas a dos autores por suas histórias. Eu tento expressar os sentimentos deles em cada traço que desenho. Isso é algo que eu acredito que a IA não consiga fazer.
Como você equilibra criatividade e prazos?
Minha agenda é bem maluca, para falar a verdade. Eu não só trabalho com ilustração, também dou aulas, faço crochê, trabalho nos meus projetos, estudo…É muita coisa, mas sempre dou um jeitinho. Quando tenho um projeto em mãos, esse vira minha prioridade. É muito bom quando o prazo é longo, mas quando não dá, eu vou fazer meu melhor o mais rápido possível.
Já tem projetos em andamento?
Ô se tenho! E um projeto pessoal dessa vez. Fiquem ligados nas redes da Pé de Palavra.
Como você divulga seu trabalho? Deixe seus contatos
A maior parte está no Instagram e no Twitter. Meu @ é o mesmo em todo lugar. Se você encontrar uma @raymnaza, com certeza sou eu. Eu estava até pensando em mudar, mas depois de 10 livros, acho que vou deixar assim mesmo. Acho que posso ser a “Rái”. Quem mandou colocar um nome em inglês, né? (risos)
Ray Mnaza é ilustradora desde 2020, de lá para cá já realizou muito trabalhos não só com a editora Pé de Palavra, como também para autrores independentes e outras editoras. Vejam mais um pouco de seus trabalhos aqui.
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