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ESG no mercado editorial: em 10 perguntas veja como editora e gráfica podem ajudar na sustentabilidade

ESG no mercado editorial: em 10 perguntas veja como editora e gráfica podem ajudar na sustentabilidade

ESG ( environmental, social, governance ) você sabe o que é? E qual a importância disso para toda a sociedade? Em primeiro lugar vamos traduzir a sigla em inglês e dar um significado a essas letras. ESG é um conjunto de práticas que visa a preservação do meio ambiente, a responsabilidade social e a transparência empresarial buscando um ambiente de trabalho saudável.

E o que uma editora de livros tem a ver com tudo isso? O ESG vale para todas as empresas seja de qual setor elas forem, afinal de contas um planeta mais saudável, com uma sociedade trabalhando de forma mais leve e eficiente traz benefícios a todos.

A missão da editora Pé de Palavra é impulsionar novos leitores. Para termos novos leitores é preciso que tenhamos uma vida sustentável não somente no sentido de cuidado com a natureza, mas também no sentido de ser uma vida a ser respeitada por nossos empregadores e uma sociedade unida. Criar novos leitores é um trabalho coletivo, assim como o ESG e por isso procuramos parceiros de trabalho que se preocupam com esses valores.

A gráfica Forma Certa é uma parceira que valoriza princípios equivalentes aos nossos e hoje trouxemos um pouco das práticas de ESG deles para que vocês percebam que nossa preocupação com nossos leitores não é da boca ( ou das redes sociais) para fora e sim desde o início de nossos livros. Márcia Steca que nos atende na gráfica respondeu algumas perguntas, vamos a elas:

Quais são as iniciativas da gráfica para reduzir o impacto ambiental na impressão de livros?

A sustentabilidade sempre foi um valor central na Forma Certa, muito antes de o ESG ganhar a relevância que tem hoje. Fundada em 2002, a empresa migrou em 2012 para a impressão digital, um processo mais sustentável que permite a produção sob demanda, evitando desperdícios. Nesse mesmo ano, conquistamos a certificação FSC, assegurando que o papel utilizado na empresa provém de florestas manejadas de forma responsável.

Para reduzir o impacto ambiental na impressão de livros, adotamos uma série de práticas sustentáveis. Além de utilizar papel certificado, 95% de nossas impressões hoje são realizadas com tintas à base de água, que causam menos impacto ambiental. Nossos equipamentos foram escolhidos por sua eficiência, baixa pegada ambiental e alta durabilidade. Além disso, toda a energia que utilizamos provém de fontes renováveis, e estamos comprometidos em alcançar a neutralidade de carbono até 2030.

Essas iniciativas, embora já existissem, estavam dispersas e sem uma estratégia consolidada. Em 2024, reconhecemos a necessidade de avançar na maturidade ESG e percebemos nosso potencial de engajar colaboradores, parceiros e clientes nessa jornada essencial para o futuro do planeta. Foi nesse contexto que contratamos uma consultoria especializada para nos apoiar e desenvolvemos nossa estratégia com base no propósito de “Imprimir para Transformar”, usando a impressão digital como ferramenta de impacto positivo para a sociedade e o meio ambiente.

Aderimos ao Pacto Global, a maior iniciativa mundial de sustentabilidade corporativa, reforçando nosso compromisso com os princípios universais de direitos humanos, práticas trabalhistas, proteção ambiental e combate à corrupção. A empresa também se compromete com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) prioritários, o que orienta suas práticas em direção ao desenvolvimento sustentável global. Isso inclui medidas específicas para educação inclusiva, energia sustentável, consumo e produção responsáveis, combate às mudanças climáticas e promoção de sociedades pacíficas e inclusivas

Como vocês lidam com as questões de desperdício de papel e outros materiais?

Nosso processo de gestão de resíduos é cuidadosamente estruturado para evitar desperdícios e promover a economia circular. Controlamos rigorosamente a quantidade de insumos utilizados, garantindo o uso apenas do necessário, minimizando estoques e priorizando a reutilização.

Adotamos a abordagem dos “3 Rs” — Reduzir, Reutilizar e Reciclar — como base para um consumo mais sustentável e responsável. Antes de reutilizar ou reciclar um material, avaliamos se ele é realmente necessário. Um exemplo disso foi a mudança no uso do shrink (material que protege os livros durante o transporte): antes, ele vinha envolto em um tubete de papelão; agora, encontramos um fornecedor que o entrega sem o tubete. Estamos também explorando soluções para eliminar o uso do shrink em alguns produtos, mantendo, ainda assim, a integridade dos livros até chegarem ao cliente final.

Além disso, incentivamos a reutilização de resíduos tanto internamente quanto por meio de parcerias com empresas que possam usar esses materiais como matéria-prima. Por exemplo, trabalhamos com um fornecedor de paletes que recolhe os paletes usados e os reutiliza em outras aplicações, incluindo a fabricação de móveis.

Vocês utilizam materiais reciclados?

Estamos constantemente pesquisando formas de integrar insumos reciclados em nossos processos, buscando alternativas que reforcem nosso compromisso com a sustentabilidade e contribuam para reduzir o impacto ambiental em toda a nossa operação. Um exemplo concreto é o mobiliário do nosso lounge, que foi feito com paletes reutilizados, refletindo nosso compromisso com a sustentabilidade e com a economia circular.

Onde vocês estão localizados? Vocês têm programas de apoio à comunidade local?

Estamos situados em Barueri, na grande São Paulo. E como parte do nosso compromisso social com a comunidade que estamos inseridos, damos preferência para a contratação de colaboradores locais com o objetivo de fomentar a economia local e preservar a qualidade de vida do colaborador. Em 2023, 95% das contratações foram de mão de obra local.

Além disso, promovemos ações de impacto social como a “Campanha de Inverno”, arrecadando agasalhos e alimentos não perecíveis para instituições que assistem pessoas em condição de vulnerabilidade social. Os itens foram doados para a Casa Maria Maria, localizada em Carapicuíba (SP), e a sede da CUFA (Central Única das Favelas) em Barueri (SP).

Existem programas que aumentam a diversidade e a inclusão no ambiente de trabalho?

Sim, cultivamos um ambiente de trabalho inclusivo e diverso, promovendo a contratação de jovens aprendizes e colaboradores de diferentes perfis. Nosso compromisso é garantir igualdade de oportunidades, independentemente de origem, gênero, etnia, idade ou orientação sexual.

Realizamos treinamentos constantes para conscientizar nossa equipe sobre temas como diversidade e inclusão e organizamos uma campanha interna com o objetivo de evidenciar e valorizar as frentes femininas nos diversos departamentos da empresa, reforçando nosso compromisso com um espaço onde todos se sintam acolhidos e respeitados. 

Existe algum incentivo para parceiros, fornecedores ou clientes de aderirem a boas práticas de ESG?

Sim, incentivamos nossos parceiros, fornecedores e clientes a aderirem a boas práticas de ESG, e entendemos que essa é uma jornada que exige esforço conjunto. Um de nossos grupos de trabalho temáticos está iniciando a integração de critérios ESG na avaliação e seleção de fornecedores, o que representa um passo importante para fortalecer nossa cadeia de valor sustentável. Sabemos que é desafiador implementar esses critérios de forma ampla, mas estamos motivados a construir essa rede responsável e comprometida com práticas éticas e sustentáveis.

Recentemente, promovemos o evento “Forma Certa de Portas Abertas”, onde recebemos um de nossos principais fornecedores, a HP, e clientes estratégicos para discutir perspectivas do setor e abordar desafios relacionados à sustentabilidade. Esse tipo de iniciativa é fundamental para engajar todos os envolvidos e criar um espaço de diálogo e aprendizado mútuo, fortalecendo nosso compromisso com o impacto positivo em toda a cadeia.

Como vocês lidam com as críticas de ESG? Quem trabalha com papel deve ouvir muitas, né? 

Essa é uma provocação muito interessante, pois, de fato, existem muitos mitos sobre ESG na indústria gráfica. Em primeiro lugar, é essencial desmistificar a ideia de que o papel é um vilão ambiental. Quando produzido e utilizado de forma responsável, o papel é uma das alternativas mais sustentáveis para diversos produtos. No Brasil, milhares de árvores são plantadas diariamente para a produção de celulose e papel, contribuindo para a captura de carbono e mitigando o aquecimento global. Além disso, o papel é um material altamente reciclável, biodegradável e de origem renovável, sendo uma excelente alternativa ao plástico em embalagens, por exemplo.

Para lidar com críticas, nossa postura é a de uma comunicação transparente e educativa, mostrando nosso compromisso em adotar práticas responsáveis e sustentáveis. Estamos sempre abertos ao diálogo e empenhados em informar nossos consumidores e parceiros sobre os benefícios e práticas da nossa indústria, reforçando que sustentabilidade é uma prioridade em cada etapa do nosso processo.

A empresa abriu antes de existirem as práticas de ESG? Quais foram os principais desafios para a implantação?

A implantação do projeto ESG na Forma Certa – ‘Imprimir para Transformar’ – tem sido uma jornada gratificante e também desafiadora. O primeiro grande desafio foi promover uma transformação cultural para que todos os colaboradores compreendessem o conceito de ESG e como a empresa pode contribuir para os grandes desafios ambientais e sociais que enfrentamos atualmente. Com essa conscientização, diversos colaboradores se voluntariaram para participar dos grupos temáticos que foram criados para abordar os temas com maior impacto: energia, emissões de gases de efeito estufa, desenvolvimento profissional dos colaboradores, cadeia de valor, comunicação transparente e segurança de dados.

Outro desafio tem sido equilibrar as demandas dos grupos de trabalho com as atividades cotidianas dos colaboradores. Para organizar esse processo, estruturamos uma governança com monitoramento sistemático do status e dos avanços de cada grupo, realizando encontros semanais para alinhamento.

E cada tema traz seus próprios desafios, o que destaca a importância de uma governança sólida e de uma comunicação clara e constante com todos os envolvidos. Sabemos que é um processo longo e complexo, mas essencial para o nosso crescimento sustentável e para o impacto positivo que queremos promover.

A empresa comunica essas práticas? Como isso é feito?

Estamos começando a comunicar nossas práticas ESG de forma mais estruturada agora. Em breve, lançaremos nosso Termo de Compromisso, que formaliza os nossos valores e objetivos de sustentabilidade. Já inserimos uma nova aba de Sustentabilidade em nosso site, onde nossos clientes e parceiros poderão acompanhar as principais iniciativas.

Nosso objetivo é compartilhar essas ações com transparência e consistência, mas acreditamos que a comunicação deve vir no momento certo, após a implementação sólida do projeto. Para nós, é essencial primeiro fazer e consolidar cada iniciativa internamente, engajando nossa equipe e assegurando que as ações estejam realmente incorporadas ao dia a dia da empresa. Só então sentimos que estamos prontos para comunicar com integridade e com resultados concretos para compartilhar e incentivar outras empresas a fazer o mesmo.

Quais principais medidas que faltam e estão na programação de serem postas em prática hoje em dia na empresa?

Atualmente, estamos em um momento crucial da nossa jornada ESG, com várias iniciativas em andamento e outras programadas para o futuro próximo. Recentemente, recebemos nosso inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE) e, a partir desses dados, iniciaremos um estudo detalhado para identificar as melhores estratégias de redução de emissões. Esse é um passo importante em nosso compromisso de atingir a neutralidade de carbono até 2030.

Além disso, estamos enfrentando o desafio de integrar práticas sustentáveis em nossa cadeia de valor, incentivando e orientando nossos fornecedores a adotarem critérios ESG. Esse esforço é fundamental para garantir que nossos valores de sustentabilidade permeiem todos os elos da nossa operação.

Também estamos focados em aprimorar nossa política de resíduos e logística reversa, buscando sempre soluções inovadoras para tornar todas as áreas da empresa mais sustentáveis. Essas ações refletem nosso compromisso em evoluir continuamente, oferecendo soluções cada vez mais responsáveis e impactando positivamente a sociedade e o meio ambiente.

A editora Pé de Palavra ainda é pequena no mercado, porém já visa impactar o planeta de forma positiva, seja fazendo livros que tragam temas relevantes de forma divertida, seja buscando parceiros que sejam aliados na busca por um mundo melhor. Agradecemos a gráfica Forma Certa pela entrevista e sigamos unidas por nossos objetivos. Se você desejar conhecer um pouco mais do trabalho deles, visite: https://www.formacerta.com.br/

Até hoje, quase fazendo um ano de editora muitas pessoas nos perguntam o motivo de termos entrado neste mercado tão difícil, no post https://editorapedepalavra.com.br/por-que-abrir-a-editora-pe-de-palavra/ falo um pouquinho sobre isso. E parte desta resposta também passa por desejarmos um mundo melhor, o que pode parecer bem idealista, entretanto com trabalhos de formiguinhas vamos lutando para tal, e não somente falando ou escrevendo a respeito, mas principalmente escolhendo parceiros e métodos de trabalho eficazes.

Continuem com a gente! Vamos fazer crescer o número de pessoas que buscam uma vida mais sustentável.

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